Sempre tive vontade de tocar um instrumento musical harmônico, como piano ou guitarra. Mesmo sabendo que a bateria entra nesse conceito indiretamente (instrumentos harmônicos seriam aqueles que podem facilmente tocar mais de uma nota de cada vez), seria mais um instrumento rítmico e melódico do que harmônico em sua classificação.Meu gosto pela música nasceu junto comigo, pois desde que me conheço por ser humano, me lembro que sempre alguma música me acompanhava e ficava memorizada em minha cabeça. Cada época era uma música diferente. Eu não sou tão fissurado assim nos ano 80 igual algumas pessoas, mas não posso negar que grande parte desse repertório fez parte da minha infância, afinal é meio ilógico nascer no final dos anos 80 e não ser ligado ao movimento cultural que houve naquela década. Mas vai saber, às vezes meus pais poderiam ter me educado a crescer ouvindo música clássica, ou algum ritmo exótico do caribe.
Enfim, a década musical dos anos 80 foi muito marcante e com certo toque de originalidade. Havia o Synth Pop predominante praticamente em todo o tempo, bandas clássicas de Hard Rock estourando em seu início de carreira e algumas pioneiras passando despercebidas. Isso tanto lá fora como aqui no Brasil. Várias bandas legais e de qualidade como Roupa Nova, Engenheiros do Hawaii, Os Paralamas do Sucesso, Titãs, e por aí vai. Isso sem considerar aqueles artistas de uma música só.Sim, naquele tempo o mundo era deles, de todos esses citados acima.
Conforme ia crescendo, criava um grande carisma pela música em si, não somente nos artistas, no visual que eles exibiam, mas sim no clima transmitido pela música, o que ela queria passar, o sentimento mesmo. Essa percepção me fez prestar atenção em detalhes que são importantes até hoje na forma de compor e de tocar. Os artistas que mais me lembro de passar na TV (quando era bem pequeno) eram KISS, Michael Jackson, Paul McCartney,etc.
E lá vem o início tradicional: as panelas da mãe. No meu caso, não foi exatamente a panela, mas sim as tampas, que no caso seriam os pratos. Eu pegava um porta talher da minha mãe que, ao ser tocado pelas velhas baquetas que eu tinha, soava de uma maneira bem próxima ao da caixa da bateria, é claro que com um timbre inferior e mais cru, mas mesmo assim, aquilo fazia minha alegria. Sempre gostava de acompanhar as músicas que tocavam no rádio, tentava fazer igual ao que era tocado o máximo possível, mesmo sabendo das minhas limitações.
Foi então que minha mãe resolveu fazer uma surpresa: presentear-me com uma bateria! Aquilo pra mim foi o melhor presente que uma criança poderia ganhar. Que mané bicicleta, vídeo-game, bola de futebol. Aquilo pra mim foi o melhor presente que eu já havia ganhado. Era uma bateria básica dos anos 80. Com acabamento rústico, sem peles de resposta e pratos com rebites (esse último, o que mais me agradava) o mais curioso é que, como era uma bateria usada, alguns detalhes eram perceptíveis a qualquer ser vivo, como uma chave de fenda servindo de borboleta para segurar o prato. Mas mesmo assim continuava sendo o melhor presente.
Apesar de ser uma bateria simples, sempre que alguém chegava em casa ela parecia o destaque. O povo ficava encantado com uma bateria que possuía ferramentas de trabalho em sua configuração.
Depois disso eu só fiquei na bateria mesmo, até cheguei a aprender um pouquinho de violão, mas só o básico. Hoje acho que não conseguiria lembrar todos os acordes auehauheauhe.