segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sinfonia da Mitologia


Bom pessoal,

Como gosto bastante de Symphony X e álbuns conceituais, resolvi postar aqui a história por trás do V - The New Mythology Suite.

É uma explicação bem resumida, contando praticamente sobre o que cada música fala. O texto foi extraído do site oficial (que diga-se de passagem, estava bem desatualizado). Mas agora que os caras começaram a passar informações sobre o álbum novo que estão gravando, fiquei com vontade de ouvir os antigos, e me aprofundei no V.

Só lembrando que essa não é uma tradução profissional e nem oficial, portanto pode haver alguns erros, a tradução foi livre. A história que os caras criaram ficou bem legal, remetendo-se a mitologia egípcia.

Espero que gostem!


Baseado nas lendas de Atlantis, antiga mitologia egípcia, astrologia e nas leituras de Edgar Cayce sobre a cultura de Atlanta.
Pela perspectiva de Cayce, muito dos dias atuais é simplesmente a redescoberta do conhecimento e informação possuídos pela cultura de Atlantis. Tanto o bem quanto o mal.

No principio, houve uma evolução de seres materiais a partir de uma inteligência cósmica que chegou ao planeta. Altamente avançada e capaz de se projetar fisicamente nesse mundo material. Isso colonizou a criou a civilização de Atlantis (as ilhas de Poseidia, Og e Aryan). Eles eram os “Filhos da Lei do Um” e guardiões da verdade, seres tecnologicamente avançados (usando energia baseada de Cristal). O primeiro dos atlanteanos era Ptah-Khnemu (traduzido do egípcio como “Criador”-“Projetor/Enriquecedor”. O alto sacerdote do templo de Ra e governante da civilização de Atlantis.
PRELUDE and EVOLUTION / THE GRAND DESIGN

Impressionado por sua capacidade de tomar forma física, a idéia de criar novos seres seria uma grande exibição de seu poder. Mas na tentativa de emergir suas energias, alguma coisa não deu certo e os novos seres estavam desfigurados, e houve seres alterados com asas, pernas e caudas de cavalo, metade humano, metade animal. Isso quebrou a evolução natural dos seres e eles se dividiram. A primeira criatura foi desovada das energias de Ptah-Khnemu – usando a Mágica dos Cinco. Essa criação se torna seu alter-ego – seu lado negro – a criatura serpente humana Montu-Sekhment, traduzido do egípcio como Deus da Guerra – Deusa da Destruição (possuindo qualidades de macho e fêmea).
Montu-Sekhment e as outras criaturas estão banidas das grandes cidades de Atlantis para viverem nos pântanos onde seus habitantes crescerão e se levantarão contra os “Filhos da Lei do Um”, e eles serão os “Filhos de Belial”.
FALLEN

Compreendendo que existe conflito, o povo da Lei do Um olha para o céu por uma mensagem de paz. Aquela que traz Equilíbrio - a filha Ma’at (traduzido do egípcio significa “Verdade” ou “A Deus da Ordem e da Verdade”).
Então ela é entregue a eles, para ensinar uma nova ordem de Igualdade, capaz de trazer paz através de seu poder divino e sabedoria.
TRANSCENDENCE and COMMUNION AND THE ORACLE

Contudo, os Filhos de Belial sabiam que nunca haveria verdadeiro equilíbrio, e também não estavam interessados na maneira espiritual da Lei do Um. Então Montu-Sekhment reuniu suas legiões de bestas e tramou a destruição de todos da Lei do Um, assim como a filha Ma’at.
Prevendo que haveria um confronto, o povo de Atlantis invocou o poder dos Grandes Cristais para fornecer a energia para uma arma suprema, uma arma que os livraria pra sempre daqueles correspondentes escuros. Infelizmente, o poder dessa arma seria tão imenso, que tremeria a terra onde estavam e destruiria tudo o que havia sido criado. E assim Atlantis afundou no mar, a filha foi entregue as ondas e levada pelo mar para encontrar uma nova terra e uma nova esperança.
THE BIRD-SERPENT WAR / CATACLYSM and ON THE BREATH OF POSEIDON

Ma’at chega nas praias de Alnantees (Egito), onde ela é descoberta pelos habitantes do local e levada perante o rei (RaTa).
Assim que eles compreendem os seus poderes, ela é aclamada como profeta. Suas escrituras e palavras estão escondidas para sempre dentro de um livro sagrado (esperançosamente para uma civilização futura encontrar e aprender os caminhos do Equilíbrio). Ainda em busca da filha, nós vemos a chegada de Montu-Sekhment seguido por Ptah-Khnemu.
Invocando um exercito de zumbis de Set-Amentet (as montanhas do submundo, os zumbis, Montu-Sekhment destrói a cidade e captura a filha. Com a filha em seu domínio, Montu-Sekhment se fortalece, tomando as energias de Ma’at, a Mágica dos Cinco, dando poder ao lado negro.
Ptah-Khnemu chega, e uma batalha entre as forças da Luz e do Escuro começa, mas numa tentativa de prevenir o mover do Equilíbrio, Montu-Sekhment mata a filha, agora com o poder alinhado em seu favor, não há nada que Ptah-Khnemu possa fazer.
EGYPT and THE DEATH OF BALANCE / LACRYMOSA

Com Montu-Sekhment possuindo o ultimo poder dos Cinco, ele é invencível. Equilíbrio está perdido e isso terá um impacto no futuro para sempre. Enquanto o tempo passa, percebemos todos os males do mundo.
Entendendo que o Equilíbrio foi alterado há muito tempo atrás pelos meios de Montu-Sekhment e suas ações.
Isso afetou para sempre toda civilização e toda geração humana, sendo que a escuridão é a força maior. (Comparações aos dias atuais).
ABSENCE OF LIGHT and A FOOLS PARADISE

Mas há esperança... As palavras de Ma’at lembraram “quando cinco se alinharem, busque a palavra escondida, uma mensagem guardada no tempo.”... significando: um tempo chegará e o Equilíbrio será restituído. Ma’at falou sobre um alinhamento de cinco planetas, que abriria um portal para outra dimensão, onde as forças do bem e do mal novamente estariam iguais para uma batalha até o fim dos tempos. E os seres da Terra trariam seu próprio Equilíbrio buscando nas palavras de Ma’at e entendendo seu verso escondido. Na véspera do alinhamento, Montu-Sekhment e Ptah-Khnemu são colocados no vácuo para batalharem num alto plano dimensional. Deixando-nos começar e redescobrir as verdades do nosso próprio passado – deixando o desfecho para nós.
Podemos mudar?
REDISCOVERY PART I and PART II

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Revelando a Füria (Parte 2)


Continuação do post "Revelando a Füria"

A partir dali a polêmica começaria: entramos em estúdio para começar a compor o que viria a ser a 4ª música da banda e 2ª inédita. O Japa veio com a iniciativa de criá-la e trouxe letra pronta. Seria feita a partir da letra, ao contrário da Cura da Realidade que já veio com letra pronta e música 70% concluída, o trabalho foi apenas juntar os dois e arrumar a simetria da melodia com os riffs.

O Japa já tinha uma idéia da melodia e de algumas partes, agora era só sentar e por o crânio pra funcionar. Levamos um tempo para a construção da Charco de Lodo, e que na minha opinião foi a música mais distante do nosso estilo por hora. Começava com um riff melódico de levadas de metalcore, num andamento médio e com uma boa dose de viradas a cada final de compasso na intro. Depois passava pra uma parte mais tribal porém rápida, seguido de uma pausa nos instrumentos para o riff guia chamar a entrada dos vocais. A principio parecia que iríamos ouvir um thrash, com aquelas clássicas acentuações de ataque, baixo e guitarra no primeiro tempo. Porém ao entrar o vocal víamos que era uma levada puramente hardcore, principalmente na bateria, apesar do bom riff, aquilo tudo misturado com o vocal ficou bem hardcore. O interlúdio pro refrão ficou legal, com intenção de tercinas no bumbo dando uma impressão deslocada.
O refrão que o japa criou também tinha um apelo bastante forte, coisa que pra mim já o meu fraco (criação de melodias pra refrão) consigo mais criar levadas pra versos e intros do que cantarolar um refrão.
Pra deixar bem claro, essa música saiu naturalmente, não tentamos forçar nada, e foi o resultado gravado, porém não estava em nossas expectativas soar daquela forma. Decidimos manter a música, alguns gostaram e outros não. A verdade é que ela fazia um estrago na galera ao vivo, criava situações pra várias rodas e o que mais é encontrado em show de metal.

Conforme os convites iam crescendo, achamos melhor começar com esse repertório mesmo: curto, mas com bastante energia, que duraria uns 25 min. com a criação de uma intro para o show pra dar um clima legal.

O planejamento seria termos em mãos 4 músicas prontas pra começarmos a gravar, conforme surgissem mais composições, gravaríamos depois de estarmos acostumados com as tais. A intenção seria vender os CDs como um EP, com a aprovação de todos os integrantes.

Então começaram os preparativos para a gravação, tentei definir todos os arranjos para poder executá-los com tranqüilidade, sem sentir aquele desespero de baterista quando vai improvisar “E agora, o que eu faço?”. A preocupação agora seria definição na execução das levadas e viradas, a fim de soar natural e sem transpassar a insegurança de gravar em estúdio. Depois do resultado percebi que foi a gravação em que menos me senti nervoso ou inseguro.

Gravação

Pois bem. Agendamos o estúdio para gravar, era o mesmo estúdio que usávamos para ensaiar e compor: O estúdio Radioativo (Antigo Nébula) comandado pelo Júnior e o Carinha (ambos do Lorde In Cana), local onde muitas bandas da região costumavam gravar.

Combinamos de iniciar com as que já estávamos mais acostumados, sendo assim, a primeira música a ser gravada foi Vale dos Ossos. Confesso que me preparei muito pra essa em especial, defini todos os arranjos e esperei o dia chegar.

Pensei que o Daniel iria gravar as bases pras linhas de bateria, mas resolvemos na hora que ele tocasse ao vivo enquanto eu ia executando as tomadas, o que deu um ar de espontaneidade. Apesar dos clássicos erros, achei que até terminamos rápido, a base das 4 músicas foram gravadas no mesmo dia, considerado no prazo para um EP.

Se bem me recordo, acho que a sessão de bateria foi a única em que todos os integrantes estavam presentes no estúdio. Foi um dia muito agradável aquele, pois estávamos nos divertindo bastante, tanto com a empolgação da gravação quanto com as típicas brincadeiras idiotas que sempre acabam explodindo não só em bandas, mas em qualquer grupo de pessoas.

Em seguida não me lembro bem qual instrumento estaria agendado para a gravação, creio que foram as guitarras. Nesse dia apenas o Daniel e o William foram ao estúdio e criaram bastante modificações para acrescentar nas músicas. Levaram uns 2 dias para a finalização.

Um caso interessante na época foi para a gravação do baixo. A princípio seria o Marquinhos o próprio baixista que iria ao estúdio, mas houve um contratempo e o Daniel aproveitou que estava mais tranqüilo e fez as linhas de baixo, simples mas que atingiu o objetivo: segurar a musica.

Pensando no processo todo posso concluir que houve duas fases para a gravação do EP: a instrumental e a dos vocais. Como a parte final (que é a do vocal) é a que dá mais trabalho, por ser um instrumento mais flexível e livre, foi a parte mais trabalhosa. Até por causa dos guturais, questão de dicção e simetria da melodia e tudo mais.
Também foi gravado sem a participação dos outros integrantes, apenas os dois vocais, Maurilio e Japa foram até o estúdio. Segundo relato de um deles, no começo houve dificuldade pela questão de adaptação da voz para o estúdio, sempre sofre uma alteração, leve ou drástica. Nesse caso não houve nenhuma das duas mudanças, foi uma alteração média, onde era possível perceber que não soava como se fosse ao vivo mas ao mesmo tempo ficava muito similar ao que era tocado (sinistro isso!).

Agora quero considerar o tempo que levamos para a gravação. Se pensarmos como um álbum full length, foi muito rápido, mas como estamos tratando de um EP, o resultado saiu em tempo curto, com poucas tomadas e bastante espontaneidade, o que mostrou que estávamos bem ensaiados, chegamos já sabendo o que iríamos executar. Pouca coisa ali saiu improvisada, pelo menos de minha parte e das guitarras.

A proposta que fizemos como estúdio era gravar o EP e na mesma época de lançamento o site oficial da banda entraria no ar para promoção tanto do álbum quando do site propriamente dito.

Momentos de turbulência

Quando recebemos as músicas prontas, ouvimos muito para analisarmos a qualidade da gravação. Lembro que a primeira vez em que ouvimos todos juntos, estávamos no carro do Marquinho indo para Campinas (num sábado de manhã, se não me engano) para a produção das fotos promocionais da banda, o Japa contratou um fotógrafo que tirava fotos dos shows do Cardiac e outras bandas. Todos aprovaram a princípio (as músicas) mas houve uma vontade de melhoria da parte dos vocais, o Japa se propôs a refazer as partes dele. O problema em cada integrante gravar sem a presença dos outros prejudicou nessa questão. Há muita diferença entre a pessoa que está gravando se ouvir no processo e outras pessoas ouvindo enquanto essa primeira grava. Todos os detalhes são percebidos por quem está de fora.

Então o japa retornou ao estúdio, porém ele nos surpreendeu: pensamos que os vocais iriam ser refeitos, porém os vocais foram dobrados! As linhas originais gravadas foram mantidas e as novas linhas foram sobrepostas sem apagar as antigas. Fiquei bastante surpreso ao ouvir a primeira vez. Há casos em que dá certo, mas pro nosso estilo achei que não combinou muito.

Após o reconhecimento da gravação sobreposta, pedimos pros caras do estúdio arrumarem o que havia sido feito. O resultado final não foi o desejado pela banda, por ainda persistirem alguns detalhes não desejados e pela difícil compreensão do que estava sendo cantado.

Acho que a falha principal foi os vocais ficarem incompreensíveis em alguns momentos. Eu sei que é uma tarefa difícil entender gutural, ainda mais pra quem não está acostumado com esse tipo de técnica vocal. Por isso a preocupação em refinar essa parte específica. Mas esse interesse deve existir tanto da parte do responsável pelas vocalizações, quanto pelo responsável pelas ferramentas para cristalização do que está sendo gravado.

Enfim, minha opinião sobre esse EP é a seguinte: Gostei muito de gravá-lo, e percebi que isso transpareceu em todos os caras, apesar de alguns expressarem a opinião de que podiam ter feito melhor. Da minha parte, foi um tempo legal de criação e aplicação de arranjos, o único ponto negativo sobre eu mesmo é de que poderia ter treinado mais resistência, principalmente no double bass, já que as músicas exigem uma certa dinâmica explosiva.
Algumas levadas de dois bumbos (eu usei pedal duplo) foram realmente desafiadoras para mim, eu quero dizer aqui as levadas mais velozes, pois na época, eu não estava acostumado a tocar esse tipo de música, foi realmente um desafio para mim, lembro que expliquei isso aos caras no dia em que entrei. Sempre toquei um estilo de música mais tranqüila e mais variada, como pop rock, soul, música gospel, new metal, heavy tradicional e melódico (exceto aqueles com dois bumbos constantes) então minha preocupação enquanto estava nessa praia, era mais criar arranjos para enriquecer a música do que poluí-la com trocentas notas.

Avaliação

Segue agora minha avaliação do EP.

Vou dividir essa avaliação em alguns fatores isolados, para se ter uma melhor idéia da nota e para um justo resultado.
De uma forma geral dou uma nota 6,5 de 10, em sua totalidade. Um EP virtual sem capa com quatro músicas de 4 minutos aproximadamente cada.
Para o quesito tempo hábil para gravação, o resultado ficou muito bom (7,5), mas não chega a ser surpreendente. Gravamos em tempo curto. De contrapartida retornamos ao estúdio algumas vezes para consertar detalhes mínimos, o que poderia ter sido reduzido em grande escala.

Para o quesito audição completa, o resultado ficou legal (8,0) pois a ordem que você escolher para ouvi-las é bastante flexível, e pode ser alterada conforme desejar. Exemplo: Vale dos Ossos funciona tanto como música de abertura do álbum como a música de encerramento. O mesmo para A Cura da Realidade. As duas restantes servem como preenchimento do meio do álbum, em qualquer uma das ordens.

No quesito performance, considero uma nota um pouco mais abaixo (7,5) ou seja, foi um resultado esperado, porém poderia ter sido melhor, pelo menos esse foi o sentimento de todos em relação a audição final. Não significa que não gostamos, pelo contrário, ficou bem legal de ouvir, mas é aquela ponta de perfeccionismo que bate a porta, sempre querendo evoluir e melhorar. (esse resultado dependeu um pouco do tempo hábil que tivemos).

No quesito equalização, masterização e edição dou a nota 6,5. É claro que não iríamos esperar uma produção soberba digna de estúdios gringos e com produtores de renome, mas os carinhas do Radioativo realmente fazem um trabalho super caprichado. O ponto negativo vai para os vocais, que ficaram secos demais nos versos, com guturais e berros, chegando a uma frase prolongada ser coberta pela próxima. Ponto alto para o refrão com vocal limpo de Vale dos Ossos que ficou bem ajustado e com um efeito apropriado para a melodia e a música em si.
Os instrumentos ficaram um pouco melhores do que os vocais. O timbre do bumbo ficou ótimo, porém alguns detalhes em algumas viradas estão inaudíveis. É claro que eu reconheço parte da culpa. As guitarras ficaram com um timbre agradável e na altura certa. O baixo cumpriu seu papel padrão.

Para o quesito composição e arranjo achei que foi um dos pontos que merece a melhor nota (8,5). Pois nota-se que não há aquela vontade explicita de bandas estreantes que querem expor milhões de notas pra mostrar que tocam rápido ou que querem copiar descaradamente sua maior influência musical. O som como um todo ficou bem original, é claro que há um rótulo em cima disso, mas não nos prendemos a estereótipos ou método. Deixamos a música livre, os arranjos chegavam de forma espontânea e não previmos forçar nada, tudo muito natural e com vontade de ser apenas musical.

Considerações finais

Realmente aquela época foi muito boa e proveitosa para todos nós, tanto em questão de amadurecimento musical, (todo mundo aprendeu com todo mundo) quanto na questão de fortalecimento da amizade, estávamos bastante unidos apesar de nos reunirmos pouco.
Os shows nos quais tocamos eram cheios de energia e brincadeiras nas viagens.
Um tempo bom que desejo guardar na memória enquanto eu ainda viver.