sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Revelando a Füria


Diário de gravação Dias de Fúria

Entre ontem e hoje fiquei inspirado pra escrever um pouco sobre o período em que participei da banda Dias de Füria, uma banda de metalcore conhecida na região. Esse é o começo do diário, prometo que atualizarei e postarei o restante (que ainda não escrevi)


Segue registro feito por Adriano sobre os dias em que participou da banda de Metalcore Dias de Füria

Diário de gravação do debut da banda Dias de Fúria que acabou se tornando um EP virtual devido a contratempos para lançamento.

A nova formação começou em meados do ultimo trimestre de 2007, lembro-me bem da época, pois aconteceram duas coisas marcantes na minha vida: Tinha conseguido entrar na Del Valle e quase simultaneamente fui convidado para participar da banda da qual eu era amigo do vocalista. O ponto em comum nessas duas coisas: o vocalista me indicou na fábrica de sucos, local onde ele já trabalhava.

Preciso explicar aqui como eu conheci o Maurílio. Ele é meu amigo de longa data desde quando caímos na mesma classe da escola, acho que era a 7ª série. Desde então sempre mantivemos um laço de amigos de verdade mesmo. Isso eu conto em outro post. Voltemos para onde eu parei.

Primeiro Ensaio

Se não me engano, comecei primeiro conhecendo os caras da banda, pois lembro-me que o baixista (que também era funcionário) estava me explicando a forma de trabalho lá e como eu deveria proceder. A ansiedade não tomou conta apenas de mim, no mesmo dia estava entrando para a banda mais um guitarrista. E por incrível que pareça, ele era mais tímido que eu.

O primeiro “ensaio” na verdade foi mais um encontro, pra galera se conhecer e saber do propósito do grupo. Lembro-me que foi um dia bem produtivo pra todos, teve uma atmosfera muito legal de novos amigos e de que aquilo não ia acabar logo.

Pra não ficar só no papo tentamos tirar uma música que já havíamos combinado ou então ver o que ia sair. A música em questão era “Vale dos Ossos”, esta que já existia desde quando a banda se chamava Protestantes e com outra formação. O Japa tinha me mandado um vídeo da banda tocando essa música num show, tentei absorver o padrão da música, pois como não havia registro em estúdio, tive que adaptar algumas partes que estavam inaudíveis para mim. Por se considerar primeiro ensaio, primeira vez em que nos víamos e tocávamos juntos, até que rendeu bastante a primeira tentativa da música. Só não conseguimos concluir, pois a reserva do estúdio havia terminado.

E fomos seguindo nessa forma: ensaiando nos finais de semana como a maioria das bandas que começam e devido seus integrantes já possuírem seus trabalhos não musicais.

A divisão foi interessante também: no começo era 3 trabalhando na Del Valle (vocalista, baixista e eu), 2 na Medley (vocalista e guitarrista) e 1 na Honda (guitarrista novo). Mais tarde o Marquinhos (baixo) acabou saindo da Del Valle pra entrar na Honda, logo a divisão ficaria: 2 Del Valle, 2 Medley e 2 Honda.

Montagem do Repertório

A programação do grupo na época era construir um repertório mesclando músicas que a formação antiga já tocava (apenas as mais plausíveis para o estilo que iria ser adaptado) com composições novas que criaríamos a partir daquele momento. Antigamente a banda tocava um new metal com bastante energia e não muito obscuro, mais pra pular ao vivo mesmo, o que funcionava muito bem nos palcos.

Conforme combinado, prosseguimos com duas músicas antigas, Vale dos Ossos e Profecia de Sangue, cujos autores eram o Maurílio e o Japa respectivamente. A idéia era manter a letra e a base padrão da música e rearranjar para o novo estilo, criando novos riffs, preparações e mudanças de tempo.

Posso dizer que a música que ficou mais bem rearranjada foi Vale dos Ossos, não sei se foi por ser a primeira que a gente pegou pra mexer e a ensaiar, pois a energia inserida nessa música foi sobrenatural, e pela experiência dos vocalistas já cantarem essa ao vivo, já conheciam seu potencial. A letra foi mantida (o Maurilio fez um trabalho muito legal com metáforas nos versos, bem poético) e a estrutura musical foi melhorada, com uma breve e sombria introdução e uma apresentação explosiva sobre o tema. Se compararmos com a versão antiga vemos que foi feito um bom trabalho com a ajuda de todos.
O refrão continuou bem melódico, um verso cantado com voz limpa pelo Japa e em contracanto o Maurílio berrando.

O mesmo processo foi feito em Profecia de Sangue, essa um pouco mais pesada e com partes de mosh com um gutural bem profundo do Maurilio no meio da música. A letra também foi mantida, a diferença entre os dois vocais é que enquanto o Maurilio usa um estilo mais figurado para escrever, o Japa escreve na lata o que quer dizer, como exemplo essa música fala sobre o sacrifício da cruz. Essa foi um pouco mais rápida para pegarmos e ficar pronta, o que também significou que o grupo estava começando a engrenar.


Processo de Composição


Pronto. As duas músicas antigas estavam prontas, com novo arranjo e decoradas por todos. Daquele ponto em diante começamos a compor juntos, o que queria dizer que as músicas compostas naquele momento iriam mostrar a verdadeira cara da banda, pois era a nova formação compondo e não tocando material já existente.

Tenho que confessar que no começo é difícil, ainda mais pra mim, porque minhas idéias de arranjo e criação de grooves vêm com o tempo e conforme vou me acostumando com a música, o desafio não é criar um groove, mas sim encaixá-lo numa seqüência que fique agradável de ouvir e fazer com que essa combinação seja aceita quando juntar os outros instrumentos.

A primeira composição resultou na música A Cura da Realidade. Letra do Maurilio no mesmo estilo (figurado e viajado) e com colaboração de todos da banda. A maior parte da criação da música vem do Daniel, um ponto ótimo nele é que ele já chega com 70% da música pronta, aí é só pegar a idéia e criar arranjos adicionais em cima do que já vem pronto. Possui um refrão pegajoso e bem fácil, nisso o Maurílio realmente manja. Essa música remete muito ao As I Lay Dying, banda que era influencia forte pra gente em estilo, principalmente a levada do segundo conjunto de versos. É a música mais rápida agitada da banda.

Continua...